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quarta-feira, maio 10, 2006

Ao fim da aragem do dia, onde o universo deixa ao mar em imagem o que não tem história, a areia sussurrava-me, solta de sentidos, adormecida em etéreas estrelas d’água.

Recostei-me bem junto a ela e deixei que me contasse de cada um dos segredos da noite, do início e do fim das galáxias de cristal talhadas em vento antigo, do silêncio que tinge em azul os sedimentos sagrados ao fundo dos oceanos, onde as ondas nascem das almas de sereias...

No nosso sonho abissal, a areia entranhada de memória fez-se na sombra com que toco a terra e contou-me a história da escuridão do olhar e das trevas oblíquas do destino quando queimam em ritual o que sinto à quem não sou, e dos retalhos que as chamas lançam ao solo enquanto ardo em sacrifício.

Em pele e água, suspensos em molde fluido, os grãos em febre fria uniram-se às cinzas transparentes no poço da vida e deram-lhes lá as cores e carnes do fundo do espelho, e do seu sal, uma fagulha de eternidade para que os meus olhos me vissem, assim, dentro do caldeirão da Bruxa.