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quarta-feira, janeiro 25, 2006

Entrelaço sons no tecido negro de estrelas, sonho a história das ruas forradas de folhas caídas do vermelho da tarde.
Torno-me relevo em pano do quadro, poeira levantada pela ponta dos dedos que tocam esta consciência de memórias e névoas, promessa feita de escuridão pontilhada em brilho, quando o longínquo chega e envolve-nos de Nada.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

As brumas desprendem-se do seu fundo quente, a perderem-se para sempre embrenhadas à margem dos pensamentos, agora soltos das formas ancestrais deixadas nos fantasmas de fumaça, suspensos ausentes da sua matéria.

Desperto em desespero, o livro ilustrado de imagens carregadas de palavras abre-se ao toque do nevoeiro do cigarro, desencantado dos segredos queimados ao vento pelo tempo, de volta ao lugar onde sempre esteve, a si mesmo e não a mim.
Eu era apenas uma personagem imaginada pelos contornos da minha vontade, era quem mantinha aberta a passagem do tudo para o outro lado, por entre rituais de pensamentos rápidos gravados em palavras crípticas, por entre o peso do mundo do passado a cair, a obstruir sentidos, a desmoronar-se à minha volta e dentro de onde eu era.
Quando, a meu convite, percorreste as ruas vazias do Nada, achaste que as palavras talhadas na pedra fria do pensamento eram tuas, e àquilo deixaste como se a tudo tivesses dominado, como se todo o improvável do Universo e os números extravagantes encontrados em galáxias distantes coubessem no teu bolso. Em parte tinhas razão, porque é verdade que vertes lágrimas invertidas, vê-te a ti mesmo longe do sal com que gravas o tempo e não sentes falta da carne da tua imagem no espelho enquanto vives no sentimento alheio que pressentes como dádiva.

Mas nem este mundo nem esta visão já são minhas, o suporte do Nada ruiu bem debaixo dos nossos pés, com grande estrondo e umas palavras amargas. E já não és mais tu, ficaste perdido, mais que guardado, naquele livro de imagens estranhas. E eu seria quem realmente sou, se aqueles cinco minutos de tempo tragados por aquela inusitada singularidade pudessem ser reencontrados, e eu pudesse tropeçar de novo naqueles paralelos entranhados pela água da chuva, tão antigos, cobertos daquela água miúda que contém todos os meus sonhos de Fevereiro...
Cerro os meus olhos na continuidade dos dias. Já nem sei o que chega, ou o que vem para mim ou para onde estou, só sei dos cristais frios a tecerem uma teia liquefeita em torno dos sentidos. Adormeço em mim, esquecida de tudo, embalada pela música das visões azuis do teu vulto a prenunciar a forma da eternidade dos sonhos.
O teu vulto, recortado do fundo do universo, parte íntegra de tudo, a salvar-me de um espaço sem memória em que tudo se estilhaça na queda livre de um passado sem dias e sem noites.
O teu vulto como nunca o tinha visto, com o nada do negro a sugerir a realidade incorpórea de astros e estrelas partilhadas, como alguém que entra no cosmos pela primeira vez e abraça-se ao brilho da lua para afastar o medo da própria escuridão.

Assim nasce a primeira noite, e se quer eterna na ingenuidade dos que vêem as estrelas a brilhar pela primeira vez... e ao cerrar os meus olhos, permito que sonhe.